A IMANÊNCIA DO EXÍLIO UTÓPICO: ULTRAPASSAGEM DE FRONTEIRAS E TERRITÓRIOS AFETIVOS EM O MUNDO, DE JIA ZHANG-KE

Camila Vieira da Silva (UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ)

O cinema do cineasta contemporâneo chinês Jia Zhang-ke está, antes de tudo, para além da representação de fatos. Existe nele uma urgência fundamental em inventar mundos possíveis, abrir fendas ao que está posto, acionar novas conexões, escapar daquilo que já está constituído. Para tanto, o cineasta se cerca de uma série de procedimentos ou estratégias para acumular impressões, sensações, antes do mero flagrante de um suposto real. Em O Mundo (Shijie), longa-metragem realizado em 2004, os protagonistas reinventam seus espaços de existência, a partir da busca por uma espécie de exílio utópico. Ao explorar tais territórios afetivos por meio dos aparatos tecnológicos, Jia Zhang-ke cria seu cinema de resistência.