O DEVIR-ANIMAL DESCONSTRUTIVISTA NO QUERER-DIZER DAS CIÊNCIAS SOCIAIS: CONSIDERAÇÕES SOBRE LINGUAGEM, MUTISMO E ASSUJEITAMENTO ENTRE O QUE SE INSCREVE COMO PRÓPRIO DO HOMEM E DE SEUS OUTROS

Walcler de Lima Mendes Junior (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

Assume-se, nos termos deleuzianos, como violenta a interpretação da lógica epistêmica moderna que separa em dois distintos grupos classificatórios aquilo que é inscrito como relativo ao Homem, por conseqüência a padrões culturais, lingüísticos e discursivos e aquilo que se diz da natureza, não mediada por códigos, acordos e expressões de comunicação. A crítica interpreta essa postura antropocêntrica como que em parte, para justificar a violência ou a desumanidade dedicada a tudo o que não pertença à categoria humanidade. Em parte, segundo esta mesma interpretação, para operar a dobra da lógica antropocêntrica contra outros seres-humanos que compartilham código, cultura, linguagem caracterizados, a partir do paradigma civilizatório, como menos humanos, para-humanos, proto-humanos, logo passíveis das mesmas ou quase mesmas sanções desumanas sofridas pelo grupo comprimido na palavra animal.