O rádio na Internet: rumo à quarta mídia

Fernando Kuhn

1. INTRODUÇÃO

Há 25 anos era possível afirmar que as ondas curtas representavam a menor distância entre duas culturas. Apesar das limitações quanto à qualidade do som, extremamente suscetível às oscilações ionosféricas, e da pequena quantidade de horários em que se davam as transmissões, a não onerosa sintonia de emissoras públicas do mundo inteiro transportava a audiência para lugares difíceis de pronunciar, apresentava-lhe costumes que ela sequer imaginaria existirem, colocava-lhe em contato com canções exóticas, feiras de exposição, "míticos" clubes de futebol, museus, poetas, filósofos... e, conforme a emissora, alguma propaganda ideológica.

É apenas graças ao expressivo contingente de pessoas impossibilitadas de possuir aparelhos mais sofisticados do que um velho rádio com ondas curtas que o cenário descrito acima se mantém em parte. Mas muita coisa já mudou e não há como negar que são mudanças irreversíveis; cedo ou tarde chegarão aos mais afastados vilarejos do planeta.

A partir do início da década de 90, um número crescente de emissoras vêm aderindo à transmissão via satélite; um sistema conhecido como DAB ("Digital Audio Broadcasting") está sendo testado no hemisfério norte para o início do milênio. Porém, o que de fato nos interessa aqui é a veiculação de programas radiofônicos através da Internet, recurso disponibilizado pelo advento de softwares como o RealAudio Player, lançado em 1995 e que começou a ser utilizado no ano de 1996, difundindo-se amplamente já no decorrer de 1997.

2. O RÁDIO NA INTERNET - OS PRIMÓRDIOS

A apropriação da Internet por parte do rádio é um fenômeno bastante recente. Lançado em julho de 1995 com o objetivo de acompanhar e divulgar o crescimento da Internet e suas implicações para o rádio, o boletim eletrônico iRADIO, informava em seu primeiro número e volume que "algumas estações" estavam realizando testes com a veiculação de seus sinais na rede. E em setembro do mesmo ano, a rádio KLIF de Dallas, Texas, tornou-se a primeira emissora comercial a transmitir de forma contínua e ao vivo através da Internet – no Brasil o pioneirismo coube à rádio Itatiaia, segundo Barbosa Filho (1996).

3. A RÁPIDA EXPANSÃO

Dados da empresa BRS Media, de San Francisco, mostram que entre abril de 1996 e abril de 2000 a quantidade de emissoras com transmissão via Internet saltou de 56 para 3.763. No Brasil, o crescimento pode ser estimado pelos números do site Radios@Radios, de Varginha (MG): se no primeiro semestre de 1997 apenas nove estações transmitiam on line, em setembro de 2000 o sistema já era adotado por 191 emissoras.

A expansão deve ser creditada diretamente às facilidades proporcionadas pelo RealAudio Player, que tornou muito fácil sintonizar sinais sonoros em tempo real pela Internet. Basta apanhá-lo de graça na rede, instalá-lo, entrar no site da emissora e clicar no local indicado. Para ouvir os sinais deve-se possuir uma placa de som e um par de caixas acústicas. A emissora os gera através de um programa servidor, o RealServer, e de um conversor de sinais para o formato "RealAudio", o RealProducer.

4. UM NOVO MODO DE SINTONIZAR E IRRADIAR

4.1. A recepção de áudio via rede

A recepção ainda enfrenta limitações que podem desencorajar o internauta menos insistente. Embora seja possível escutar as rádios enquanto se passeia por outros endereços, não é recomendável a abertura simultânea de muitas páginas, que estariam competindo com a rádio para enviar seus dados ao computador. Outro fator que influi é a qualidade da placa instalada no computador, assim como da conexão com a Internet. No entanto, o grande problema são as interrupções.

Os sinais são divididos em pacotes de dados cujo envio se dá em intervalos regulares. Os programas usam técnicas de "bufferização", ou seja, estocam dados capazes de sustentar a apresentação por um tempo que permita a chegada dos seguintes. Assim, enquanto o primeiro pacote é reproduzido o segundo já está chegando, o que mantém a continuidade da transmissão. Mas quando a rede está congestionada, podem ocorrer defasagens no recebimento do pacote. Se ele é recebido de forma lenta e incompleta e o seguinte teve melhor sorte, o software vai direto para o segundo, causando saltos na recepção. Se também o segundo tem sua apresentação inviabilizada, a consequência é um longo intervalo. A falta de dados leva à interrupção da transmissão.

Desde 1995, uma profusão de softwares de áudio e vídeo para Internet vêm chegando ao mercado, especialmente os desenvolvidos pela RealNetworks, criadora do RealAudio Player, e pela Microsoft, que compete com a linha Windows Media.

4.1.1. Aparelhos portáteis para recepção de webrádios

A tecnologia que o engendra não concebe o "rádio do futuro" embutido em um computador de mesa, renunciando ao trunfo da portabilidade, e isto fica evidenciado no surgimento de aparelhos como o Kerbango e o iRad-S.

Lançado em fevereiro de 2000, o primeiro mede 18 centímetros e é de fácil manuseio: um botão controla o volume, liga e desliga o equipamento, enquanto outro dá as opções de sintonia (como que um seletor de estilos), dispostas na tela para seleção a partir de uma terceira tecla. Chega às lojas dos EUA custando US$ 300; já o segundo armazena cerca de mil arquivos de áudio digital, executa CDs e sintoniza de modo convencional emissoras AM e FM. Com preço de US$ 400, o iRad-S traz ainda a possibilidade de conexão a outro aparelho doméstico.

Em pouco tempo será possível escutar webrádios dentro de automóveis: a General Motors anunciou em janeiro de 2000 a intenção de lançar em seis meses um carro com conexão à Internet, e ainda de disponibilizar o recurso até o final do ano a todos os seus modelos fabricados nos Estados Unidos. No mesmo mês, a Motorola estreou o protótipo de um rádio com Internet para carros, o iRadio. A previsão de sua chegada ao mercado em 2001 ou no máximo 2002 coincide com a relatada por Simon (2000) de receptores sem fio para rádio via Internet.

4.2. A transmissão de áudio via rede

Para que os pacotes de sinais de áudio trafeguem pela rede como automóveis, é preciso que eles partam de algum lugar. Estes "veículos" devem possuir uma forma compatível com as "garagens" de origem e destino. Moldá-los seria a função do conversor de sinais, que no caso da RealNetworks seria o RealProducer e no da Microsoft o Windows Media Encoder. Por outro lado, como os "players" abrem as portas da garagem de destino, no outro extremo age um software que controla a ordem e o fluxo de saída dos sinais, como uma torre de controle dos aeroportos. Trata-se do programa servidor, RealServer para a RealNetworks e Windows Media Server para a Microsoft.

O grande estímulo para a abertura de rádios pessoais vem do modelo desenvolvido pela Imagine Radio, hoje SonicNet, que possibilita ao usuário escolher, dentre um acervo, uma programação musical que passa a ser a "sua rádio", com o nome que desejar e sem preocupação com direitos autorais. Fácil, rápido e gratuito, o processo chegou ao Brasil através do Grupo Abril, que com investimento de R$ 16 milhões lançou em março de 2000 a Usina do Som. Em três semanas de existência, o projeto já reunia 115 mil rádios pessoais.

5. A TRANSFORMAÇÃO DO RÁDIO

5.1. A globalização da audiência e a universalidade de freqüências

Talvez o aspecto mais fascinante do rádio na Internet seja a perspectiva de sintonizar emissoras de qualquer parte do mundo (desde que estas possuam o equipamento para tanto, o que não requer um grande investimento). Isso já era possível através das ondas curtas, mas com severas restrições. Dependia-se das condições ionosféricas, que influenciam a propagação das ondas eletromagnéticas. Extremamente variáveis, obrigavam as emissoras a monitorá-las e ajustar permanentemente a direção das antenas para atingir a audiência desejada. Ainda assim, as oscilações inviabilizavam uma irradiação contínua para longas distâncias. Sem falar na qualidade do som, sujeito a interferências.

A rede permite que não apenas emissoras de ondas curtas como também de ondas médias e frequência modulada sejam captadas em todo o mundo. Tal condensação de faixas de frequência por si só já representa uma grande transformação no rádio como entendido atualmente, com esperados reflexos sobre as tabelas de publicidade a partir da potencial multiplicação da audiência.

5.2. A pluralidade de conteúdos

Quando por exemplo a Rádio Exterior de España, emissora pública, transmite ao mundo uma entrevista com um toureiro, está transmitindo também a cultura do país. Agora esta escolha do que seja a "cultura nacional" pode ser contestada ou enriquecida por outras opções, não estatais, não oficiais, além de adquirir contornos mais específicos: regionais, locais ou até pessoais. O tom de release oficial das irradiações para o exterior da Radiobrás, por exemplo, pode ser confrontado pela seriedade jornalística que caracteriza outras emissoras brasileiras. Em contrapartida à música popular dos anos 70, veiculada de modo aleatório e descontextualizado pela Rádio Nacional do Brasil, como se correspondesse à atual produção musical do país, concede-se ao internauta a chance de encontrar o pagode e o axé.

5.3. A democratização do acesso e a preservação de idiomas e culturas

O fim da disputa por concessões e freqüências e de grandes investimentos em antenas e transmissores abre espaço para a criação de rádios virtuais por quem se disponha a fazê-lo, além de oferecer às pequenas estações uma imensa amplificação de seu alcance. Fatores econômicos e políticos deixam-lhes de ser proibitivos.

O surgimento do RealPlayer, similares e sucessores, passou ainda a facultar a algumas línguas ameaçadas no médio prazo, como o galego, o catalão e o irlandês, a possibilidade de ganhar ouvintes para além das fronteiras em que são faladas. E também a América do Norte começa a colocar na rede estações dedicadas à preservação das culturas e idiomas dos indígenas do continente, caso da Indian Radio e da Mohawk Nation Radio, que transmite em kanienkehaka. No Brasil, há para breve a perspectiva de um site dos índios ashaninkas, onde o internauta poderia ouvir canções da tribo acreana no idioma arwuk.

5.4. O rádio visual

Comparando o rádio a outros meios de comunicação sob o prisma da educação, Kaplún (1978) percebe nele algumas limitações. À primeira delas chama unisensorialidade, com o rádio valendo-se unicamente do sentido auditivo e o ouvinte sendo obrigado a assumir uma voluntária "cegueira" (pois nada há para ver), que se oferece à dispersão e à fadiga causada pela monotonia; a segunda estaria na unidirecionalidade da mensagem, determinada pela ausência de interlocutores ou incapacidade do ouvinte de intervir, fazer perguntas, solicitar a repetição de alguma frase ou controlar a velocidade de exposição; outro fator limitante seria a fugacidade da mensagem, induzindo a utilização de redundâncias; no pequeno grau de concentração ante a mensagem radiofônica residiria a quarta limitação, "ouvir sem escutar".

A transposição do rádio para a Internet oferece respostas a todas estas ressalvas. O "webouvinte" pode manter os olhos bem abertos, pois agora há textos, fotos e animações para ver; comunicar-se com a rádio via e-mail ou chat, e ter sua mensagem lida no ar no momento em que surge na tela do locutor; resolve o problema da fugacidade e da concentração escolhendo ouvir os arquivos que lhe interessam, devidamente separados da programação e disponíveis para sucessivas repetições ao gosto da audiência.

6. OS NOVOS HORIZONTES – DA PARTICIPAÇÃO À INTERATIVIDADE

Outra tendência proporcionada por esta nova tecnologia é a de uma maior participação do ouvinte/leitor, já que o contato com a emissora passa a ser feito através de e-mail. Enviar uma mensagem eletrônica parece muito mais convidativo do que seguir os trâmites postais habituais.

A possibilidade de integrar chats de emissoras permite que o ouvinte/leitor/visitante do site se transforme também em agente, não necessariamente interferindo na rádio que os demais ouvintes escutam, mas peremptoriamente o fazendo na rádio em que os demais "conversam"; como se fosse ele, entre tantos, um pequeno emissor de voz muda, a qual eventualmente pode assomar ao mundo da sonoridade através da mediação de um locutor atento, caso este julgue oportuno.

7. A INTERNET E A SEGMENTAÇÃO DO RÁDIO

A segmentação do rádio na rede afirma-se como uma realidade sem volta e em permanente aceleração. Ela passa a ocorrer não mais meramente em função de diferenciais estilísticos, plano em que também se enriquece ainda mais pela variedade: assume ainda uma dimensão geográfica e outra modal, concernente ao meio em que originalmente a rádio realizava suas transmissões (cabo, ondas curtas, satélite, AM, FM, Internet apenas, etc).

8. A COEXISTÊNCIA DAS TECNOLOGIAS

8.1. Uma ameaça às ondas curtas?

Uma pesquisa da Unesco revelou em 1993 a existência de 177 milhões de receptores de rádio em ondas curtas só na América Latina. Em muitos países africanos, este segmento é a única possibilidade de comunicação à distância. Vale lembrar que os conflitos tribais no continente levaram a BBC de Londres a criar em 1996 um serviço de transmissão nas línguas kinyarwanda e kirundi, o que reitera a importância desta audiência para as grandes emissoras internacionais; que os Estados Unidos investiram US$ 5 milhões no biênio 1998/1999 na implantação em ondas curtas e Internet da rádio Free Iraq (Iraque Livre); que em junho de 1999 o Butão inaugurou o primeiro canal de TV e o primeiro provedor de Internet do país; e que países como a Jamaica permanecem na era do rádio. A tendência é o convívio entre a velha e a nova tecnologia ainda por muitos anos.

8.2. A concorrência com a FM

O rádio via Internet, informa Anstandig (1999), preocupa muitos proprietários de emissoras FM, que temem para o seu segmento um desprestígio similar ao que ele mesmo impôs ao de estações AM. Uma pesquisa da empresa Arbitron e citada por Ahrens (1999) revelou que usuários da Internet escutam por semana três horas a menos de rádio convencional do que os não internautas. A solução, segundo ele, seria aderir às transmissões on line.

A adesão requer cuidados. A aprovação nos Estados Unidos do Ato de Direitos Autorais do Milênio Digital, de 1998, define como crime a veiculação na Internet de uma mesma música repetida a pequenos intervalos. Como a proibição vale só para a rede, é preciso cautela na hora de disponibilizar através dela o áudio da programação normal. No Brasil, a questão dos direitos autorais provocou um impasse entre o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) quando o primeiro fixou unilateralmente o valor mensal de R$ 155 ou 2,5% do arrecadado com publicidade (o valor que fosse maior). A Abert decidiu ignorar a determinação e buscar um acordo que previsse a cobrança apenas de emissoras com funcionamento exclusivo na Internet, ou que pelo menos fixasse um valor desvinculado do que as emissoras auferissem com anunciantes.

Outro indicativo de que o uso comercial do rádio na rede começa a ser considerado com mais seriedade é a pesquisa mensal de audiência que a empresa americana Arbitron passou a realizar em outubro de 1999. Envolvendo 240 emissoras transmitidas a partir de quatro provedores, a primeira sondagem revelou um total de 1,3 milhão de horas de escuta via Internet, número que segundo Hanson (1999), embora à primeira vista impressionante, representa menos de 1% sobre 1% da audiência, nos Estados Unidos, do rádio convencional. Ele porém avalia que as audições na rede tendem a se multiplicar com o aperfeiçoamento da tecnologia de radiodifusão pela Internet.

9. RUMO À QUARTA MÍDIA

A observação de dois mil sites de emissoras de rádio permite a identificação de alguns modelos que definem o ingresso delas na rede. Embora não necessariamente conexos, autorizam a idéia de se tratarem de diferentes momentos de um único processo, que algumas emissoras percorrem desde o início e outras abreviam a partir de determinado ponto. O esquema a seguir não se pretende completo, pois desconsidera variações pouco observadas, porém possíveis; formula-se, todavia, com o intuito de oferecer uma noção sobre a escala de exigências legada às rádios pela nova tecnologia.

Cinco anos após o início das transmissões de rádio via Internet, pode-se dizer que é cada vez menor o número de rádios limitadas à mera exposição institucional. Não se concebem mais sites de emissoras sem áudio contínuo, as estações que entram na rede já o fazem com o intuito de transmitir. É possível que em mais cinco anos o mesmo se afirme quanto à utilização de câmeras nos sites de rádio, que já se mostra uma tendência.

Paralelamente, a mídia televisiva, aos poucos, ingressa na Internet. Em abril de 1996, a Rede Cultura tornou-se a primeira emissora brasileira a ter um programa de televisão na rede. Em junho de 1997 o Universo On Line, empresa do grupo que publica o jornal Folha de S. Paulo, lançou a TV UOL, com programação enriquecida de textos e links. Em abril de 2000 os catálogos Comfm e Radios@Radios contavam respectivamente 277 e 237 emissoras de TV no mundo transmitindo via Internet.

O encontro das mídias é o mote do Ajato Station, lançamento do Ajato, provedor de Internet em banda larga. Trata-se de um serviço de notícias veiculadas em forma de texto, áudio e vídeo, que ficam disponíveis em uma janela aberta na tela do computador, ainda que o usuário se concentre em outras atividades.

Mesmo que um aparelho concentre todas as mídias, resta alguma dúvida quanto ao uso das formas pelo conteúdo. Se é verdade que na Internet o ato individual de tocar um CD atrás do outro a partir da própria residência assume, na medida em que tal programação está acessível às pessoas de qualquer lugar do planeta, uma conotação de "rádio" (ou "webrádio"), deixa de ser "rádio" uma emissora que em seu site integre clipes de vídeo? Um jornal deixa de sê-lo ao incorporar recursos de áudio? E uma TV é menos TV por exibir textos? E em quê todos eles se transformam?

Aparentemente, cada empresa de mídia continuará priorizando aquilo em que se especializou, atenta às novas tecnologias e oportunidades e ao quanto poderão estas reforçar a importância da instituição no segmento onde atua, preservando um mercado já consolidado. O que não exclui o ingresso em outro segmento.

10. CONCLUSÃO

A pesquisa revela que mesmo em um período ainda de transição, algumas conseqüências da inserção do rádio na Internet já podem ser amplamente atestadas, fato indicativo da consistência das transformações e da improbabilidade de que elas retrocedam. Implicações que estão enumeradas a seguir:

1-) a remoção da barreira da distância: qualquer rádio de alcance local pode ser ouvida em qualquer lugar sem ficar à mercê das irregulares condições de propagação ionosférica.

2-) a economia: para uma rádio entrar na Internet o investimento é ínfimo, muito menor do que o necessário para a transmissão à distância nos moldes tradicionais. Uma vez comprovado, o aumento de audiência para além dos limites iniciais pode representar contratos publicitários mais interessantes.

3-) a democratização da informação e do acesso à cultura: potencializam-se as opções de escolha por parte da audiência para "ouvir" determinado país ou cultura.

4-) a horizontalização das relações emissora/ouvinte: este ganha poder com a segmentação e variedade de alternativas, podendo ouvir apenas o tipo de música que preferir, além de se comunicar com as estações de forma muito mais consistente, convidativa e imediata do que através de carta ou telefone.

5-) convergência de mídias: o som da rádio sintonizada na Internet fazendo-se acompanhar de textos e imagens, criando uma nova linguagem, diferente da que estaria chegando ao ouvinte, leitor ou telespectador comum.

6-) o surgimento de rádios virtuais e pessoais: sem a necessidade de licenciar uma emissora para a transmissão on line e investir altas somas em equipamentos, qualquer entidade ou pessoa passa a ter condições de possuir uma emissora virtual.

7-) o impacto sobre as línguas, com a possibilidade de formação de comunidades virtuais: imigrantes afastados de sua origem retomando os vínculos com a cultura e a língua que acabaram deixando para trás por falta de pessoas com quem compartilhá-las.

O rádio na Internet efetivamente autoriza o resgate de algumas utopias adormecidas: a do rádio interativo, a do rádio alternativo, do rádio educador e do rádio que abraça o mundo. Logo haverá mais emissoras transmitindo pela rede do que por ondas curtas, redundando em maior disponibilidade e qualidade de som para o ouvinte.

Vencida a barreira da portabilidade, poderá restar uma impressão de que o rádio deu um círculo sobre si mesmo e continuou a ser o que era, apenas com opções de sintonia incomparavelmente maiores em relação à situação anterior. Mas a assertiva encontra oposição quando se examinam exemplos da natureza do Ajato Station.

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